A Amazônia brasileira perdeu 11.088 Km² de floresta entre agosto de 2019 e julho de 2020.

 

 

São Paulo, 05 de dezembro de 2020
Nº 027/20 – semana 1

 

Síntese: O Giro Econômico dessa semana traz muitos boletins, relatórios e informes com balanços prévios do ano e resultados de novembro dos diversos organismos internacionais e nacionais, tanto privados quanto públicos. Dessa forma, a síntese se concentra em torno das principais notícias de cada tema, ao invés de trazer todas as informações já neste espaço. No âmbito internacional, a Comissão Europeia apresentou um plano para relançar a parceria com os Estados Unidos, no intuito de conter o avanço da China com um novo pacto entre Washington e a UE. O número de pessoas que vivem com fome na América Latina e no Caribe voltou a crescer pelo quinto ano seguido e chegou a 47,7 milhões em 2019, ou 7,4% da população da região, segundo a FAO; esse quadro tende a piorar em 2020. No Brasil, a Amazônia brasileira perdeu 11.088 quilômetros quadrados de área de floresta entre agosto de 2019 e julho de 2020, um aumento de 9,5% em relação aos 12 meses anteriores (o número mais alto dos últimos 12 anos). O PIB cresceu 7,7% no terceiro trimestre de 2020, comparado ao segundo trimestre deste ano; em relação a igual período de 2019, o PIB caiu 3,9%; no acumulado do ano está em -5%. No crédito e dívida, o Tesouro levantou 2,5 bilhões de dólares em uma emissão no mercado externo que envolveu a reabertura de títulos de 5 anos (Global 2025), 10 anos (Global 2030) e 30 anos (Global 2050); a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) alcançou R$ 4.435,6 bilhões (61,2% do PIB) em outubro. O FMI enfatizou que as autoridades brasileiras deveriam estar preparadas para fornecer um apoio direcionado adicional e alertando contra uma retirada abrupta do apoio fiscal. A balança comercial teve superávit de US$ 3,732 bilhões e corrente de comércio de US$ 31,33 bilhões em novembro, o que puxou a exportação no mês. A inflação medida pelo IGP-M subiu 3,28% em novembro. Com este resultado, o índice acumula alta de 21,97% no ano e de 24,52% em 12 meses. Em outubro, a taxa de desemprego chegou a 14,1%, com 13,8 milhões de desempregados. O detalhamento do plano da Petrobras para o período de 2021 a 2025 apresentam o esvaziamento previsto para a empresa, com a venda integral de oito refinarias até o final de 2021. O Brasil se consolidou nos últimos 25 anos como o maior exportador líquido (diferença entre exportações e importações) de produtos agropecuários do mundo.

 

INTERNACIONAL

1. As perspectivas para a economia mundial são mais otimistas, mas ainda apresentando uma recuperação gradual, com a implantação mais rápida da vacina e a melhor cooperação para a sua distribuição, o que aumenta a confiança, segundo as últimas projeções da OCDE. As campanhas de vacinação, políticas de saúde e apoio financeiro dos governos devem elevar o PIB global para 4,2% em 2021, após uma queda de 4,2% neste ano. No relatório anterior, o crescimento previsto para o PIB de 2021 era de 5%, por conta da queda nas previsões para os EUA (de 4% para 3,2%) e na zona do euro (de 5,1% para 3,6%) A recuperação será mais forte nos países asiáticos que controlaram o vírus, mas mesmo no final de 2021, muitas economias terão encolhido em relação aos níveis de 2019 antes da pandemia.

2. Reforçando a recuperação dos países asiáticos, os dados das atividades do setor industrial e de serviços da China apontaram forte crescimento para o mês de novembro. O PMI de indústria do Caixin/Markit subiu a 54,9 de 53,6 em outubro, permanecendo bem acima da marca de 50 que separa crescimento de contração pelo sétimo mês seguido, o ritmo mais forte em uma década. Já nos Serviços, o PMI de serviços do Caixin/Markit subiu a 57,8, segunda leitura mais alta desde abril de 2010, ante 56,8 em outubro. A marca de 50 separa crescimento de contração em ambos indicadores. O PMI Composto do Markit, também divulgado nesta quinta-feira (3), acelerou para 57,5 de 55,7 em outubro, sinalizando o aumento mais forte na produção total chinesa desde março de 2010.

3. Olhando para o avanço chinês, a Comissão Europeia apresentou um plano para relançar a parceria com os Estados Unidos, identificada no documento como sendo “única” e um “elemento vital” para as “sociedades, identidades, economias e vidas pessoais” dos dois lados do Atlântico. O objetivo é construir um novo pacto com Washington para o Ocidente no enfrentamento ao avanço da China. O plano intitulado “Uma nova agenda UE-EUA para uma mudança global” foca em quatro áreas – saúde, clima, tecnologia e comércio, e política externa – apresentando soluções para “enfrentar os grandes desafios” atuais e “agarrar oportunidades” que surjam no futuro.

4. Nos EUA, o Congresso aprovou um projeto de lei que pode banir as empresas chinesas das bolsas de valores do país, caso não sigam os padrões de auditoria impostos pelos EUA, algo que a China desaprova.

5. O investimento estrangeiro direto na América Latina e no Caribe caiu 7,8% em 2019 e é esperado uma queda de 50% em 2020, como aponta a CEPAL em seu relatório anual sobre o tema. No âmbito mundial, os valores de investimento estrangeiro direto (IED) cairiam 40% em 2020, e de 5% para 10% em 2021. Dessa forma, em 2021, o IED alcançaria seu menor valor desde 2005. América Latina e Caribe é a região que teria a queda mais acentuada. Em 17 países da AL, há uma queda das entradas em 2019 em relação à 2018, e em 9 países há um aumento. Em 2019, os cinco países que receberam maiores investimentos foram Brasil (43% do total), México (18%), Colômbia (9%), Chile (7%) e Peru (6%). Na América Central, os fluxos de IED cresceram apenas no Panamá e na Guatemala. A CEPAL propõe como desafios para a região conter a pressão de relocalização nacional (reshoring) para os Estados Unidos, captar as oportunidades de relocalização que permitiriam fortalecer os sistemas produtivos regionais (nearshoring) e articular estratégias de atração de IED com políticas industriais para criar capacidades locais.

6. O número de pessoas que vivem com fome na América Latina e no Caribe voltou a crescer pelo quinto ano seguido e chegou a 47,7 milhões em 2019, ou 7,4% da população da região, de acordo com dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). No período de cinco anos até 2019, 13 milhões de pessoas latino-americanas e caribenhas entraram nas estatísticas da fome na região.

 

CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO

7. A Amazônia brasileira perdeu 11.088 quilômetros quadrados de área de floresta entre agosto de 2019 e julho de 2020, um aumento de 9,5% em relação aos 12 meses anteriores e o número mais alto dos últimos 12 anos, segundo dados do programa Prodes, sistema de cobertura de satélite que dá a estimativa oficial de desmatamento do país. Em 2019, os números do Prodes deram o primeiro sinal de que a desmatamento no país havia voltado a crescer significativamente. Na comparação com o período anterior, de agosto de 2018 a julho de 2019, o aumento fora de 34,4%, fazendo com que os olhos do mundo se voltassem novamente para os problemas ambientais no Brasil.

8. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,7% no terceiro trimestre de 2020, comparado ao segundo trimestre deste ano, segundo dados do IBGE. Em relação a igual período de 2019, o PIB caiu 3,9%. Nesse trimestre, a Agropecuária caiu 0,5%, a Indústria cresceu 14,8% e os Serviços subiram 6,3%. Pela ótica da despesa, a Formação Bruta de Capital Fixo cresceu 11% em relação ao trimestre imediatamente anterior. A Despesa de Consumo das Famílias teve expansão de 7,6% e a Despesa de Consumo do Governo cresceu 3,5%. No acumulado dos quatro trimestres terminados em setembro, houve queda de 3,4% frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores. No acumulado do ano até o terceiro trimestre de 2020, o PIB caiu 5% em relação a igual período de 2019. Nesta comparação, a Agropecuária cresceu 2,4%, enquanto a Indústria (-5,1%) e os Serviços (-5,3%) registraram queda. A taxa de investimento no terceiro trimestre de 2020 foi de 16,2% do PIB contra 16,3% no mesmo período do ano anterior. A taxa de poupança foi de 17,3% no terceiro trimestre de 2020, maior que os 13,7% obtidos no mesmo período de 2019.

9. A produção industrial apresentou um aumento de 1,1% no mês de outubro em relação a setembro de 2020, ficando 1,4% acima do patamar pré-pandemia. A expectativa do mercado era de um crescimento de 1,4% no mês. Isso representa o sexto mês consecutivo de crescimento. As altas foram no mês de maio (7%), junho (8,9%), julho (8%), agosto (3,6%) e setembro (2,6%), segundo os dados da PIM/IBGE. Em relação ao mês de outubro de 2019, o crescimento foi de 0,3%. No acumulado do ano, a queda é de -6,3%. Por Grandes Categorias Econômicas, os Bens de Capital tiveram um crescimento de 7% no mês, mesma variação do mês de setembro, mas ainda com uma queda no acumulado de -13,9%. Os bens duráveis tiveram um crescimento de 1,4%. Já os Bens intermediários e bens de consumo semi e não duráveis tiveram quedas de -0,2% e -0,1%, respectivamente.

10. O Brasil investe apenas 44% do que seria necessário para reduzir os gargalos da infraestrutura no período de uma década, de acordo com levantamento da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). A publicação traz uma consolidação inédita das 1.200 oportunidades de parcerias entre governos e o setor privado na infraestrutura, nas esferas da União e dos Estados. A publicação cita estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo o qual um aumento do investimento público em 1% do PIB poderia fortalecer a confiança na recuperação e impulsionar o PIB em 2,7%, o investimento privado em 10% e o emprego em 1,2%.

11. Na linha dos investimentos, o Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal qualificou 58 novos projetos como prioridades para atração de investimentos privados. No total, são 221 projetos e 15 políticas públicas que constam na carteira do PPI. Esse programa tem como objetivos as privatizações, concessões para a iniciativa privada (incluindo três florestas do Amazonas) e extinção de empresas públicas, com foco na Infraestrutura.

12. O Índice de Confiança Empresarial (ICE) da FGV/Ibre recuou 1,5 ponto em novembro, para 95,6 pontos, seguindo tendência de queda do mês de outubro, diante das incertezas dos rumos da crise sanitária e retomada da economia. A redução da confiança ocorre em todos os setores, exceto a Indústria, que manteve a tendência ascendente no mês e segue numa fase favorável. No extremo oposto, a confiança do Setor de Serviços recuou em novembro a 85 pontos, nível muito baixo em termos históricos. Enquanto não surgir uma solução definitiva, como seria o caso de uma bem-sucedida vacinação em massa, a economia seguirá em risco de desaceleração e com comportamentos muito heterogêneos entre os setores. Em novembro, os empresários estão revendo principalmente as expectativas com relação à evolução da demanda nos próximos três meses. Este componente do Índice de Expectativas (IE-E) recuou 4,8 pontos, enquanto o que mede o otimismo com a Tendência dos Negócios nos seis meses seguintes recuou 1,0 ponto e o Emprego (três meses) subiu 0,7 ponto.

13. Dessa forma, o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) subiu 2,0 pontos em novembro, para 145,8 pontos. A alta interrompe uma sequência de seis quedas consecutivas iniciadas em maio deste ano, logo após o indicador chegar ao seu pico histórico, no mês anterior. O indicador ainda está 30,7 pontos acima do nível de fevereiro passado (último mês antes da chegada da pandemia de Covid-19 ao Brasil) e 9,0 pontos acima do nível máximo anterior à pandemia, alcançado em setembro de 2015. Este aumento tem respaldo nas especulações em torno de uma segunda onda da Covid-19 no Brasil e suas consequências econômicas.

 

CRÉDITO, DÍVIDA E JUROS

14. O Tesouro levantou 2,5 bilhões de dólares em uma emissão no mercado externo que envolveu a reabertura de títulos de 5 anos (Global 2025), 10 anos (Global 2030) e 30 anos (Global 2050), com redução do prêmio dos papéis na primeira vez que o país realiza uma oferta com três tranches. Foram emitidos 500 milhões de dólares do Global 2025, com taxa de retorno para o investidor de 2,2%. Já em relação ao Global 2030, a emissão foi de 1,25 bilhão de dólares, com taxa de retorno de 3,45%. Finalmente, foram emitidos 750 milhões de dólares do Global 2050, com taxa de retorno de 4,5%.

15. A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) alcançou R$ 4.435,6 bilhões (61,2% do PIB) em outubro, reduzindo 0,2 p.p. do PIB em relação ao mês anterior, segundo dados do Banco Central. Esse resultado refletiu, sobretudo, os impactos da desvalorização cambial de 2,3% (redução de 0,5 p.p.), do efeito da variação do PIB nominal (redução de 0,2 p.p.) e dos juros nominais apropriados (aumento de 0,5 p.p.). No ano, a relação DLSP/PIB elevou-se 5,5 p.p., evolução decorrente, em especial, do déficit primário acumulado (aumento de 8,7 p.p.), dos juros nominais apropriados (aumento de 4,0 p.p.), do efeito da desvalorização cambial acumulada de 43,2% (redução de 6,5 p.p.), e do ajuste da paridade da cesta de moedas da dívida externa líquida (redução de 0,7 p.p.). A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) – que compreende governo federal, INSS e governos estaduais e municipais – alcançou R$ 6.574,7 bilhões em outubro, equivalente a 90,7% do PIB, aumento de 0,2 p.p. do PIB em relação ao mês anterior.

16. A Bolsa de Valores brasileira no mês de novembro viu a entrada de R$ 30 bilhões de investidores estrangeiros, por conta do otimismo global provocado pela eleição de Joe Biden nos Estados Unidos e as boas notícias relacionadas ao avanço das vacinas contra a Covid-19. O maior valor desde 1995, quando esse dado começou a ser computado. O índice Ibovespa chegou ontem a uma alta de 18% no mês, um dos maiores crescimentos entre as principais Bolsas mundiais, que também vêm apresentando altas fortes nesse período.

17. A demanda de crédito da população de baixa renda aumentou de setembro em diante, num movimento simultâneo à redução do valor pago pelo governo no Auxílio Emergencial. A procura por crédito aumentou 4,5% no mês passado, impulsionada por pessoas que ganham até R$ 2 mil por mês. O maior crescimento, de 4,8%, veio de brasileiros com renda mensal de até R$ 500. Esse aumento está atrelado à necessidade dos consumidores de buscar recursos para honrar compromissos financeiros quando o benefício recebido do governo foi reduzido à metade.

 

CONTAS PÚBLICAS

18. Em documento sobre no ano de 2020, o FMI afirma que a resposta do governo brasileiro à crise foi rápida e considerável, uma vez que as autoridades implementaram programas emergenciais de transferência de renda e retenção de empregos, aumentaram os gastos com saúde, forneceram apoio financeiro a governos subnacionais e ampliaram linhas de crédito apoiadas pelo governo para pequenas empresas. Ao todo, as medidas fiscais e parafiscais (bancos públicos) totalizaram 18% do PIB, elevando o déficit primário de 1% em 2019 para cerca de 12% do PIB em 2020. O Banco Central cortou a taxa de juros em rápida sucessão para 2% e anunciou amplas medidas de liquidez e alívio de capital. A resposta política evitou uma desaceleração econômica mais profunda, estabilizou os mercados financeiros e amorteceu a perda de renda dos mais pobres. O varejo e a atividade industrial voltaram aos níveis pré-Covid no terceiro trimestre. Contudo, apesar de saudarem o compromisso do Brasil em preservar o teto de gastos constitucional como uma âncora fiscal para apoiar a confiança do mercado, ao mesmo tempo enfatizou que as autoridades deveriam estar preparadas para fornecer um apoio direcionado adicional e alertando contra uma retirada abrupta do apoio fiscal.

19. A balança comercial teve superávit de US$ 3,732 bilhões e corrente de comércio de US$ 31,33 bilhões em novembro, segundo dados do Ministério da Economia. No mês, as exportações somaram US$ 17,531 bilhões e as importações, US$ 13,799 bilhões. No ano, as exportações totalizam US$ 191,678 bilhões e as importações, US$ 140,518 bilhões, com saldo positivo de US$ 51,16 bilhões e corrente de comércio de US$ 332,195 bilhões. O que puxou a exportação em novembro, em valores, foi a indústria extrativa, com destaque para minério de ferro e petróleo. No caso da agropecuária, com queda de 21,9% nas exportações, por conta da entressafra com participação de produtos agropecuários nesse final de ano. Do lado das importações, os produtos da indústria de transformação representam 93% do total e tiveram redução de apenas 0,5% em novembro, puxada pela queda de 9,7% nos preços.

20. O setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 3 bilhões em outubro. No Governo Central houve déficit de R$ 3,2 bilhões, e nos governos regionais e nas empresas estatais, superávits na ordem de R$ 5,2 bilhões e de R$ 998 milhões, segundo dados do Banco Central. No ano, até outubro, o déficit primário acumulado do setor público consolidado atingiu R$ 633 bilhões, ante déficit de R$ 33 bilhões no mesmo período de 2019. No acumulado em doze meses, o déficit primário atingiu R$ 661,8 bilhões (9,13% do PIB). O resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$ 30,9 bilhões em outubro. No acumulado em doze meses, o déficit nominal alcançou R$ 1.011,0 bilhões (13,95% do PIB), elevando-se 0,22 p.p. do PIB em relação ao déficit acumulado até setembro.

 

INFLAÇÃO E ALIMENTOS

21. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 3,28% em novembro, percentual superior ao apurado em outubro, quando havia apresentado taxa de 3,23%. Com este resultado, o índice acumula alta de 21,97% no ano e de 24,52% em 12 meses. Em novembro de 2019, o índice havia subido 0,30% e acumulava alta de 3,97% em 12 meses. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 4,26% em novembro, ante 4,15% em outubro. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) variou 0,72% em novembro, ante 0,77% em outubro. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) variou 1,29% em novembro, ante 1,69% no mês anterior.

22. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu reativar as bandeiras tarifárias nas contas de luz e estabeleceu patamar vermelho 2 para o mês de dezembro. Esse é o nível com condições ainda mais custosas para geração de energia. A tarifa sofre acréscimo de R$ 6,243 a cada 100 kWh (quilowatt-hora) consumidos. Com a conta de luz mais cara é possível que a expectativa de inflação no ano supere os 4%.

23. O Índice CEAGESP teve um aumento de 2,1% no mês de novembro, totalizando uma alta de 17,5% em 12 meses e de 15,9% no acumulado do ano. Dois setores se destacaram pela elevação: frutas e diversos, sendo que este último registrou o maior aumento: 7,92%. Já os setores de legumes e verduras apresentaram forte queda, sendo que este último acumula baixa de 2,9% no ano. As hortaliças de ciclo curto como o rabanete, agrião, alfaces, rúcula, cebolinha entre outros, favorecem a recuperação de perdas de produção e contribuíram para a estabilização dos preços. Com a chegada do verão, existe a possibilidade de elevações dos preços praticados nos setores e perda de qualidade por conta do excesso de chuvas e altas temperaturas.

 

MERCADO DE TRABALHO E RENDA

24. Em outubro, a taxa de desemprego chegou a 14,1%, a maior da série histórica da pesquisa, iniciada em maio, medida pela PNAD COVID19/IBGE. Isso corresponde a 13,8 milhões de pessoas sem trabalho no país, uma variação de 0,1 ponto percentual na comparação com setembro (14%). Houve aumento na força de trabalho, totalizando 97,9 milhões de pessoas, decorrente de uma redução da população fora da força (72,7 milhões). Já a população ocupada subiu para 84,1 milhões. Isso pode ser observado no aumento dos empregos com carteira (que totalizaram 35,1 milhões) e também da informalidade, que somou 29 milhões de pessoas. A taxa de informalidade avançou para 34,5% em outubro. No mês anterior foi de 34,2%. Os dados do mercado de trabalho mostram, ainda, que dos 84,1 milhões de pessoas ocupadas, 94,4% não estavam afastados do trabalho que tinham. Destes, 7,6 milhões estavam trabalhando de forma remota, uma redução na comparação com o mês anterior (8,1 milhões).

25. Embora com crescimento das vendas e dos lucros das empresas do setor de eletrodomésticos, a Whirlpool (dona das marcas Brastemp e Consul) aprovou uma reestruturação que inclui um Programa de Demissão Voluntária (PDV) e desligamentos involuntários.

 

EMPRESAS (INDÚSTRIA, COMÉRCIO, SERVIÇOS E AGRONEGÓCIO)

26. O preço do barril de petróleo tipo Brent já se encontra nos patamares do mês de março pré pandemia com valores em torno de US$ 47, apresentando uma valorização no último período, mas ainda abaixo dos valores de fevereiro que estava em US$ 49,98. Essa melhora se deve a recuperação econômica apresentada pela China e a possibilidade de uma vacina em 2021, que pode ajudar na retomada global da economia. O mercado ainda aguarda a divulgação das negociações sobre a política de produção do ano que vem da OPEP+, se vão segurar o aumento da oferta ou não.

27. As notícias da vacina também contribuíram para a onda otimista sobre o preço das commodities, para além do petróleo. Os produtos que apresentaram forte valorização foram o minério de ferro, com valorização de 42% no ano, fechando em torno de US$ 131,63 por tonelada, a soja, milho, açúcar, café e laranja.

28. O detalhamento do plano da Petrobras para o período de 2021 a 2025 apresenta o esvaziamento previsto para a empresa, com a venda integral de oito das 13 refinarias até o final de 2021 e um total de “desinvestimentos” de US$ 35 bilhões até 2025, com uma lista maior de privatizações.

29. Estudo do IEDI mostra que a recuperação da produção industrial tem sido desigual. Sob efeitos da pandemia e das medidas de auxílio, a retomada foi puxada por ramos que estão nos extremos da indústria brasileira, quando se considera a intensidade tecnológica. A recuperação vem principalmente da alta e da média-baixa tecnologia, que representam 60% do volume de produção. Os ramos industriais que estão entre esses dois níveis, porém, de média-alta e média tecnologia, chegaram a reagir, mas permanecem no vermelho.

30. O Brasil se consolidou nos últimos 25 anos como o maior exportador líquido (diferença entre exportações e importações) de produtos agropecuários do mundo, segundo levantamento da Organização Mundial do Comércio (OMC), que reforça as perspectivas de que essa tendência, que se tornou mais aguda a partir do ano 2000, ainda deverá se aprofundar. Em 1995, o Brasil era o segundo maior exportador de soja, com 10,6% do total, atrás dos EUA, que tinham 74,9%. A situação se inverteu em 2019, quando a participação do Brasil chegou a 51,7% e a dos EUA caiu para 37,1%. Ao mesmo tempo, a China, que importou apenas 1% da soja comercializada no planeta em 1995, comprou 62,3% do total em 2019, e desbancou com folga a UE, cuja fatia caiu de 52,8% para 9,7%. Nas exportações de carnes, a participação brasileira cresceu de 4,8% para 17,8% e ficou atrás apenas da dos EUA (20,5%).

 

ESPECIAL COVID-19

31. Até o momento, o governo federal liberou R$ 262,8 bilhões de recursos para o Auxílio Emergencial, sendo feitos 443,5 milhões de pagamentos e beneficiando 67,8 milhões de pessoas, segundo a Caixa.

32. No monitoramento de gastos da União com a Covid-19, o Tesouro Nacional mostrou que já foram gastos R$ 488,8 bilhões (na semana passada tinha sido R$ 470,8 bilhões) de uma previsão de R$ 574,9 bilhões (na semana passada era de R$ 577,6 bilhões). Os maiores valores foram com o Auxílio Emergencial a Pessoas em Situação de Vulnerabilidade (R$ 275,78 bilhões), Auxílio Financeiro aos Estados, Municípios e DF (R$ 78,25 bilhões), Despesas Adicionais do Ministério da Saúde e Demais Ministérios (R$ 41,12 bilhões) e Cotas dos Fundos Garantidores de Operações e de Crédito (R$ 47,9 bilhões).