A comercialização da água em contratos futuros na bolsa de Nova Iorque aprofunda a violação dos direitos humanos básicos, que é o acesso ao bem público

 

 

São Paulo, 19 de dezembro de 2020
Nº 029/20 – semana 3

Síntese: A água começou a ser negociada como commodity em contratos futuros na bolsa de Nova Iorque, à semelhança do que já acontece com o petróleo ou o ouro, mas sem poder ser fisicamente transacionada. A atividade econômica da China manteve forte crescimento e acelerou sua recuperação em novembro na indústria, varejo e na queda da taxa de desemprego. Nos EUA também houve crescimento da produção industrial em novembro, mas com perspectivas de queda nos próximos meses por conta do aumento da contaminação da Covid. No Brasil, o PIB teve um crescimento de 0,86% em outubro comparado ao mês de setembro de 2020 e um estudo da OCDE aponta que a pandemia ainda afetará significativamente o bem-estar e a prosperidade, impactando as pessoas e as empresas na economia informal. O Congresso Nacional aprovou crédito suplementar de R$ 3,3 bilhões para quitar obrigações com organismos internacionais, como a dívida com a ONU para que não venha a perder o direito de voto e na Câmara dos Deputados foi aprovado o texto que regulamento o novo Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), garantindo 100% dos recursos para a rede pública. A agroindústria apresentou uma queda na produção de -1,9% em outubro comparado ao mês de setembro de 2020. Para que o setor termine o ano com a produção física igual de 2019, seria necessário que crescesse no próximo bimestre 11,2%

 

INTERNACIONAL

1. A água começou a ser negociada como commodity em contratos futuros na bolsa de Nova Iorque, à semelhança do que já acontece com o petróleo ou o ouro, mas sem poder ser fisicamente transacionada. Agricultores, hedge funds (fundos especulativos) e municípios poderão apostar contra ou a favor da escassez da água. Para a ONU essa comercialização da água nos mercados futuros violam os direitos humanos básicos, mostrando sua preocupação com ação que pode levar ao processo de especulação.

2. A atividade econômica da China manteve forte crescimento e acelerou sua recuperação em novembro. Em relação a novembro de 2019, a produção industrial chinesa aumentou 7% no mês passado, ampliando o ganho de 6,9% visto em outubro. Também na comparação anual, as vendas no varejo da segunda maior economia do mundo subiram 5% em novembro, depois de avançarem 4,3% em outubro. A taxa de desemprego urbano da China, que diminuiu pelo quarto mês seguido, de 5,3% em outubro para 5,2% em novembro.

3. Nos EUA, a produção industrial avançou mais do que o esperado em novembro em 0,8%, impulsionada pela produção de veículos motorizados, mas o ímpeto pode desacelerar nos próximos meses, já que um novo surto de infecções por Covid-19 tem deixado trabalhadores em casa e fechado fábricas temporariamente.

 

CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO

4. O PIB brasileiro teve um crescimento de 0,86% em outubro comparado ao mês de setembro de 2020; em relação ao mesmo mês do ano anterior, a queda foi de -2,61%. No acumulado do ano, a variação é de -4,92%, segundo os dados do Índice de Atividade Econômica do Banco do Brasil (IBC-Br). A expectativa do mercado era de um crescimento de 1,05% na comparação mensal e queda de 2% na base anual, o que foi frustrado.

5. Um estudo da OCDE, a Pesquisa Econômica do Brasil, aponta que embora a resposta do governo brasileira tenha sido decisiva, poupando o Brasil de um impacto econômico mais severo, a pandemia ainda afetará significativamente o bem-estar e a prosperidade, impactando as pessoas e as empresas na economia informal. A Pesquisa estima que a crise da COVID-19 fará com que o PIB encolha 5% neste ano, seguido por um retorno ao crescimento de 2,6% em 2021 e 2,2% em 2022. Indica então uma série de reformas que o país deveria fazer para ter uma retomada mais firme, entre as propostas está um direcionamento melhor nos programas de transferência de renda, aumentando a concessão dos benefícios para os que perdem o emprego, com uma retirada gradual no futuro.

 

CRÉDITO, DÍVIDA E JUROS

6. O Congresso Nacional aprovou crédito suplementar de R$ 3,3 bilhões para quitar obrigações com organismos internacionais e reforçar de ações de sete ministérios. O Brasil terá que depositar, até 31 de dezembro, pelo menos US$ 113 milhões para as Nações Unidas. Mas cancelou repasse de R$ 1,9 bilhão para integralização de cotas de capital do New Development Bank (NDB), instituição hoje presidida por um brasileiro e ligada ao Brics, grupo do qual o Brasil participa com Rússia, Índia, China e África do Sul.

 

CONTAS PÚBLICAS

7. Um estudo da CNI mostra que o fim da incidência de impostos pelos serviços de capatazia impactaria positivamente a economia, o emprego, o fluxo de comércio e os investimentos do Brasil nos próximos 20 anos. Segundo a entidade a medida adicionaria R$ 134,5 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB), ampliaria o fluxo de comércio em R$ 90 bilhões e o investimento estrangeiro direto no Brasil em R$ 53,8 bilhões até 2040.

8. A Câmara dos Deputados aprovou o texto que regulamenta o novo Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), garantindo 100% dos recursos para a rede pública, rejeitando os trechos que retirariam cerca de 16 bilhões de reais dessa rede para beneficiar instituições confessionais, filantrópicas e do Sistema S.

 

EMPRESAS (INDÚSTRIA, COMÉRCIO, SERVIÇOS E AGRONEGÓCIO)

9. A Agroindústria apresentou uma queda na produção de -1,9% em outubro comparado ao mês de setembro de 2020. Comparado a outubro de 2019, a expansão foi de 0,8%, bem abaixo da variação do mês de setembro que teve um crescimento de 7,2%, segundo o Índice de Produção Agroindustrial – FGV/Agro. No acumulado do ano ainda apresenta queda de -2,1%. Para que o setor termine o ano com a produção física igual de 2019, seria necessário que crescesse no próximo bimestre 11,2%. Os produtos alimentícios no acumulado do ano apresentam um crescimento de 3,8%, já os produtos não alimentícios (insumos agropecuários, produtos têxteis, florestais, biocombustíveis, borracha e fumo) registraram queda de -8,5%.

 

ESPECIAL COVID-19

10. Até o momento, o governo federal liberou R$ 262,8 bilhões de recursos para o Auxílio Emergencial, sendo feitos 443,5 milhões de pagamentos e beneficiando 67,8 milhões de pessoas, segundo a Caixa.

11. No monitoramento de gastos da União com a Covid-19, o Tesouro Nacional mostrou que já foram gastos R$ 508,2 bilhões (na semana passada tinha sido R$ 494,4 bilhões) de uma previsão de R$ 594,9 bilhões (na semana passada era de R$ 574,6 bilhões). Os maiores valores foram com o Auxílio Emergencial a Pessoas em Situação de Vulnerabilidade (R$ 293,51 bilhões), Auxílio Financeiro aos Estados, Municípios e DF (R$ 78,25 bilhões), Despesas Adicionais do Ministério da Saúde e Demais Ministérios (R$ 42,11 bilhões) e Cotas dos Fundos Garantidores de Operações e de Crédito (R$ 47,9 bilhões).